22 jul Media training para profissionais de Saúde
Por Marcelo Cajueiro
Os cursos de media training, ou treinamento de mídia, como sabemos, visam preparar porta-vozes para a interlocução com a imprensa, algo fundamental para empresas, órgãos públicos, ONGs etc. Este breve artigo pretende apontar algumas especificidades do treinamento para profissionais que trabalham na área de Saúde, com base na experiência que tivemos com clientes da Diagrama.
Antes das diferenças, convém ressaltar as características comuns a qualquer tipo de curso de media training. Na nossa concepção, o aspecto mais importante do treinamento é o aprendizado da técnica para a inserção de mensagens nas respostas às perguntas dos jornalistas. Esse deve ser o cerne de todos os cursos de media training, qualquer que seja o perfil dos participantes do treinamento.
E quais seriam as especificidades de um curso voltado para profissionais da área de Saúde? Aqui é preciso esclarecer que, sob o guarda-chuva da área de Saúde, encontramos profissionais com funções e formações diversas.
No Instituto Nacional de Câncer (INCA), treinamos não só médicos, mas também pesquisadores, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, biomédicos e outros profissionais com formação na área médica e científica. Treinamos também servidores das áreas-meio, como administradores, advogados, engenheiros, arquitetos, analistas de RH, técnicos de compras, pessoal do INCAVoluntário etc.
Nosso curso no Conselho Federal de Odontologia (CFO) treinou somente cirurgiões-dentistas (CDs). O mesmo aconteceu no treinamento de porta-vozes do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ): eram todos psicólogos. No entanto, nesses dois casos, os participantes dos cursos exerciam funções relacionadas a regulamentação, mercado e ética da profissão, interlocução com órgãos de controle etc.
Nossos cursos de media training precisaram ser adequados para atender essa diversidade de perfis e funções dos participantes. A customização foi necessária principalmente na segunda metade do curso, o módulo prático, que consiste na simulação de entrevistas ao vivo para televisão. As pautas e perguntas foram específicas para cada participante, de acordo com a sua função e formação.
A primeira metade do curso, o módulo teórico, também levou em consideração a diversidade de perfis e funções. Procuramos incluir exemplos e casos relacionados à realidade de cada um dos participantes.
Quanto ao nível da parte teórica, optamos pelo básico. Nos grupos, tínhamos alguns profissionais habituados a falar em público, como professores e palestrantes, mas predominavam aqueles sem experiência em oratória. Da mesma forma, alguns entendiam um pouco de comunicação e do funcionamento da mídia, mas a maior parte era leiga. Nossa opção então foi por “começar do zero”, o que se provou útil também para os mais experientes, que puderam rever e atualizar conceitos e técnicas.
Cabe ressaltar que o tal “nível básico” refere-se a questões de oratória, linguagem corporal e conhecimento de comunicação e mídia. Em relação ao aprofundamento de conceitos e à didática, podemos classificar os cursos como “avançados”, em linha com a alta escolaridade dos participantes, quase todos com grau universitário e alguns com mestrado e doutorado.
Sobre a parte prática, as entrevistas, vale frisar outra particularidade dos cursos de media training para profissionais da área de Saúde. Os exercícios foram quase todos com simulações de situações de crise. O motivo é a constatação de que, com relativa frequência, os porta-vozes dessa área têm que responder a denúncias. As crises acontecem em todas as áreas, mas em Saúde fazem parte da rotina. Uma assessoria de imprensa de um hospital, por exemplo, tem que estar preparada para responder a denúncias que chegam à imprensa por meio de pacientes, familiares, órgãos de classe e fiscalização e dos próprios funcionários da instituição. O curso de media training deve preparar o porta-voz para essas situações difíceis.
Em suma, o curso de media training para profissionais da área de Saúde precisa englobar, ao mesmo tempo, aspectos presentes em qualquer outro treinamento de mídia e particulares desse setor. Seu programa teórico e exercício prático devem levar em consideração a multiplicidade de perfis e funções dos participantes. Para estruturar e aplicar tal curso, é muito importante ter experiência à frente de assessoria de imprensa de instituições de Saúde.
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