JORNAL DOS ECONOMISTAS – EDIÇÃO DE JANEIRO DE 2020

Corecon Fevereiro de 2020

JORNAL DOS ECONOMISTAS – EDIÇÃO DE JANEIRO DE 2020

O JE sempre criticou a fixação da Selic em altos patamares. Por uma questão de coerência, esta edição é dedicada a discutir os impactos da redução da taxa para o seu menor nível na história até o momento.

Adhemar Mineiro, da UFRRJ, alerta para a possibilidade de uma crise cambial, com a saída de investimentos em carteira, devido à redução da taxa. A evolução negativa do balanço de pagamentos e os movimentos agudos do câmbio passam a chamar a atenção dos especuladores internacionais.

Carlos Pinkusfeld e Gabriel Aidar, do IE/UFRJ, avaliam que, apesar da redução dos juros básicos ter um impacto distributivo, é frágil a confiança de que a política monetária será o instrumento que isoladamente poderá gerar a retomada sustentada da economia.

Marcio Pochmann, da Unicamp, pergunta se a economia pode voltar a crescer de forma sustentável com a queda da Selic, desvalorização cambial e redução dos custos internos. A resposta passa pela capacidade de capturar efeitos positivos da economia internacional. O Brasil erra ao apostar nos EUA, e não na China.

Maria Lucia Fattorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, detalha como são definidas as taxas de juros praticadas pelo mercado financeiro para explicar porque, apesar da Selic em queda, ainda pagamos juros elevadíssimos. Ela atribui as elevadas taxas de juros para a sociedade em geral ao fato de o BC remunerar o depósito voluntário da sobra no caixa dos bancos.

Marcelo Carcanholo, da UFF, considera que a redução da Selic não é uma garantia de novos ares para a economia brasileira. O rentismo continua a imperar com o elevado spread bancário e a possibilidade de compra de ativos baratos para revenda no futuro.

Ladislau Dowbor, da PUC-SP, aponta que a Selic baixou, mas é cobrada sobre um estoque da dívida muito maior. Na lista da Forbes com os bilionários brasileiros, cuja fortuna cresceu nos últimos anos, é difícil encontrar alguém que produza: são gigantes da intermediação, que drenam recursos das atividades produtivas.

O artigo do Fórum continua a análise da PEC do Pacto Federativo, cujo objetivo é reduzir gastos obrigatórios, sob o pretexto de um ajuste fiscal.

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