02 dez JORNAL DOS ECONOMISTAS – EDIÇÃO DE DEZEMBRO DE 2019
Motivada pelas mobilizações populares em países como Chile, Colômbia e Equador, esta edição dedica-se a analisar as experiências neoliberais na nossa região e a aplicabilidade dessa doutrina às condições locais.
Bruno De Conti, da Unicamp, defende que o (neo)liberalismo é uma utopia. Antes que ele seja integralmente atingido, o grau de destruição é tamanho que a sociedade põe freios a esse movimento, por meio de contramovimentos, como os verificados na América Latina.
Luiz Filgueiras, da Universidade Federal da Bahia, apresenta um histórico da difusão da doutrina neoliberal a partir do pós-guerra. Desde a sua primeira experiência no Chile, está evidente que o neoliberalismo ocasiona mais desigualdade, pobreza e instabilidade, um verdadeiro retrocesso civilizatório.
José Rubens Damas Garlipp, da Universidade Federal de Uberlândia, destaca que as práticas do neoliberalismo resultaram, nas últimas quatro décadas, em crescimento econômico medíocre, concentração da riqueza, aprofundamento das desigualdades, desemprego, pobreza e miséria e direitos fundamentais solapados.
Rubens Sawaya, da PUCSP, julga que, se os liberais clássicos acreditavam nos séculos XVII e XVIII que o mercado regularia a nova sociedade em formação, defender essa ideia no século XXI, quando as corporações se tornaram transnacionais financeirizadas, é uma fraude intelectual. A reação popular foi retomada, mas acaba enfraquecida pelas micropautas, enquanto a questão central é macrossistêmica.
Bernardo Kocher, da UFF, prevê que os movimentos sociais em revolta na América Latina, com seu programa difuso, dificilmente reporão, no curto prazo, a inteireza das políticas desenvolvimentistas. Forças externas e as classes dominantes submetem a região a um processo de recolonização.
Plínio de Arruda Sampaio Jr, editor da plataforma Contrapoder, conclui que nem o capital tem força para impor o neoliberalismo selvagem nem as classes subalternas têm um projeto para substituí-lo. Criar uma alternativa à barbárie capitalista é o grande desafio de nosso tempo.
Fora do bloco temático, o Fórum continua a série sobre o orçamento do Município do Rio de Janeiro com um artigo sobre a composição e evolução da despesa municipal de 2012 a agosto de 2019.
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