02 set Jornal dos economistas – Edição de setembro de 2019
Esta edição dedica-se a discutir os impactos econômicos da política externa do governo Bolsonaro, em específico um possível acordo do Mercosul com a União Europeia (posto em xeque devido à crise ambiental na Amazônia), o alinhamento incondicional com os EUA e o afastamento dos Brics, entre outras guinadas em relação à política profissional e pragmática do Itamaraty nas últimas décadas.
Francisco Carlos Teixeira, da UFRJ, comenta que Bolsonaro, eleito sob o mantra de eliminar o viés ideológico “de esquerda”, impôs o viés “de direita” à política externa brasileira, historicamente calcada no pragmatismo do “Jogo dos Três Tabuleiros”: no primeiro plano, as relações sul-americanas; no segundo, os emergentes com os BRICS; e no terceiro, as potências econômicas ocidentais.
Marco Rocha, do IE-Unicamp, acredita que o acordo Mercosul-UE tende a consolidar o processo de desindustrialização e nossa posição na divisão internacional do trabalho como exportador de bens primários. Esperar que a exposição à competição provoque o aumento da competitividade da nossa indústria é algo de um governo perdido em definir os rumos da economia.
Carlos Eduardo Martins, do LEHC/UFRJ, defende que a política externa de Bolsonaro é marcada pela combinação do neofascismo e ultraneoliberalismo. A abertura à competição internacional e ao capital estrangeiro, em benefício dos EUA e UE, aprofundará a desindustrialização, dependência, vulnerabilidade externa e fragmentação do mercado interno.
Giorgio Romano, da UFABC, esmiúça o acordo Mercosul-UE. Ele alerta para a cláusula de precaução, que permite medidas de proteção quando há risco de degradação ambiental ou de saúde e segurança. A cláusula poderá ser usada pelos europeus de forma abusiva por motivos protecionistas, por exemplo, no caso de agrotóxicos proibidos ou rebanhos em áreas de desmatamento, mesmo sem evidências científicas.
Dercio Garcia Munhoz, ex-presidente do Cofecon, considera que o acordo com a UE não nos pouparia da tormenta que China e EUA podem provocar na economia mundial. Além dos riscos externos, o Brasil enfrenta uma desagregadora política econômica interna.
O artigo do Fórum destrincha o orçamento dos serviços de saneamento básico no município e estado do Rio de Janeiro.
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